Chilenos foram à rua <br>por pensões públicas
REFORMA Dois milhões de pessoas participaram, domingo, 26, nas marchas realizadas em diversas cidades do Chile pela implementação de um sistema público de pensões de reforma.
Rendimentos dos aposentados chilenos são os menores da OCDE
LUSA
As acções de massas convocadas pela plataforma No+AFP (Administrações de Fundos de Pensões) tiveram expressão em todo o país, mas a manifestação que percorreu o centro da capital, Santiago do Chile, é descrita como das maiores iniciativas de protesto dos últimos anos.
Em causa estão as propostas da plataforma e de forças políticas e sociais progressistas e de esquerda, que reivindicam a substituição do actual sistema de pensões privado, herdado da ditadura liderada por Augusto Pinochet, por um solidário e universal, para o qual contribuam também o patronato e o governo, e cujo objectivo seja garantir melhorias nas pensões de reforma da maioria do povo.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico indicam que os rendimentos dos aposentados chilenos são os menores dos países membros da OCDE, muito abaixo do salário mínimo local e, inclusive, geralmente inferiores ao valor de referência de 70 por cento da média dos salários auferidos ao longo da carreira contributiva de cada trabalhador.
Projecções feitas em 2014 pelo executivo da presidente Michelle Bachelet alertam, por outro lado, que a manter-se o regime corrente, nos próximos anos as pensões de reforma podem fixar-se em qualquer coisa como 15 por cento da média dos salários sobre os quais os trabalhadores descontaram.
Na antevisão da jornada, Luis Mesina, coordenador da NO+AFP, reiterou que a plataforma não aceita «soluções cosméticas» para um problema com 36 anos, e que a única saída viável é rejeitar o sistema de fundos de pensões, privado ou público.
As seis AFP controlam cerca de 171 mil milhões de dólares em fundos de pensões, aproximadamente 70 por cento do PIB do Chile, e aplicam parte considerável deste montante em empresas privadas que operam em ramos de actividade de baixo perfil tecnológico e trabalho intensivo.
Mineiros não desistem
Paralelamente, os trabalhadores da maior mina de cobre do mundo decidiram, quinta-feira, 23, interromper a greve que cumpriam há já 43 dias e activar a extensão do contrato colectivo em vigor. A paralisação dos mineiros de La Escondida tinha sido convocada pela renegociação do convénio, mas a administração da empresa insistia em agravar a imposição do rebaixamento dos salários, do aumento da jornada de trabalho e discriminação salarial entre trabalhadores que cumprem as mesmas funções.